Fico-me neste silêncio retumbante,
destemido,
Que me cai nas mãos, na pele, na alma
como se de uma peça de roupa se tratasse…
Já poucas palavras me vêm à boca, assomam,-se aos lábios e pouco mais sei que tenho de fazer.
Instalou-se este desalento, esta quietude possivelmente demasiado quieta
E eu, que nada prevejo mudar, coloco as mãos uma sobre a outra e assumo que sou um ínfimo pedacinho de vida que um dia, como todos os outros pedacinhos
Também se vai.
Ir, não me assusta, nem me preocupa, o que me preocupa é esta dor que ainda cá está
e provavelmente ainda cá fica e que não sei porque a sinto, porque a abrigo, como se de mim fizesse parte.
Se tentar explicar o que sinto me devolvesse o alento, quantas palavras pescaria no mar mais profundo do meu ser
E traria aos lábios para que pudesse eu ser primavera em flor no fulgor da vida.
Mas falar não me liberta, porque nem eu mesma sei se entendo o que sinto, o que sou, o que sei
E o tanto que esta dor me emudece, me molda, me acorrenta.
Pouco há que me prenda, mas tanto há que me amarra…
E logo eu, que se fosse apenas coração, batia somente pela liberdade de viver...
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