quinta-feira, 2 de julho de 2020

Partida



Morro aos poucos, entre mim, os outros e o mundo.
Sigo por onde creio e, se não creio fico-me dispersa, feita em peças,
durante uma espera que teima em não me largar.

 Dura,
demasiado dura a vida por onde sigo e, se não sigo,
paro e morro, sem que possa parar pra morrer. 

O sentido não é ficar. O sentido é ser.

 Parto porque já não suporto a espera que me espera. 
E porque parto desato qualquer medo que se afunda em mim
e que me afunda caso deixe, 
mas não deixo, porque não espero e parto.
 Rumo ao mundo que de entre mim e os outros, é tudo o que me resta.


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