Existe ao lado da cama, no chão um papel.
Um bilhete deixado com as palavras que sobraram da vastidão que fomos.
Tem, depois do último adeus, um
beijo que é meu e,
um rosto gravado, que vi
amanhecer comigo tão poucas vezes.
O teu rosto - o mesmo, p’ra quem escrevi
tantos versos soltos, que acabaram
secos e mortos,
depois de um obrigado que
se deixou por acaso e, depois
de nos precisarmos e nos termos, num entretanto.
Porque fomos isso: um entretanto;
enquanto pudemos, enquanto
houvessem versos e beijos e,
palavras por trocar, corpo a corpo,
passo a passo,
beijo a beijo, sem promessas
De nós; porque não fomos
Nós, depois do papel que agora amaço,
a fim de não deixar soltarem-se as lembranças do quanto te quis
sem querer; sem saber como
te deixar de amar, mais
uma vez – uma última vez, que
entretanto ainda lembro, meu amor.
*
Os cantos e recantos do amor, rabiscado num papel amarelecido na escarpa da saudade, tatuada em corpos famintos!
ResponderEliminarJINHO
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