O sonho vai, e a alma fica,
O corpo sente, mas
nem se agita.
O olhar sem rumo, perde a esperança…
É o olhar de quem
sofre - é mais uma criança.
Nasceu e cresceu,
sem nada ter pedido…
ainda não morreu, mas sabe-se esquecido - abandonado
à sorte,
com a alma tão magoada e ferida…
um sonhador de palmo e meio, sem rumo na
vida.
É apenas um menino;
largado, sem ninguém - não tem pai nem mãe,
nem quem lhe queira bem.
Não conhece mais que a sua má e pouca
sorte;
e de peito fechado e entristecido, espera
que lhe chegue a morte...
Na sua cabeça - antes de adormecer, pergunta-se:
- porque tive de nascer?
E amanhã se eu acordar, tenho mais um dia p’ra viver; mas
de que vale: ninguém me quer.
Pequeno anjo que vive com medo do futuro;
sabe que quando crescer, tudo pode ser mais duro.
Abraça-se à noite com frio, e
sente medo ao adormecer,
sonha com tudo aquilo que durante o dia não pode viver.
Tão pequeno e tão reguila,
corre atrás da esperança, mas
sempre que ela lhe faz a finta - cai mais uma lágrima dos
olhos desta criança.
Passa pela rua,
assim como a vida passa por ele;
adormece a contar estrelas,
e sabe bem qual é a sua -
enquanto a lua
toma conta dele.
Oh, tão pequeno
anjo que és, e tantos sonhos que nas mãozinhas carregas.
Ninguém entende o
que sentes
ninguém sabe a dor
que em ti levas.
Voa sim, sempre assim, pequeno anjo;
e pousa o olhar no teu coração.
Por mais que ninguém olhe por ti...
Não desistas,
nunca te digas que não.
Voa sim, sempre com coragem, pequeno anjo,
vai onde o sonho te levar.
Abre as asas e não desistas,
porque até na noite mais escura, a lua vem para te
guardar.
*
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