domingo, 28 de julho de 2013

O Mundo é Tão Pequeno, Amor, Mas Não Para Nós

 

O mundo é tão pequeno, amor, mas não para nós -

Eu sempre tão perto, tu sempre tão longe;

eu sempre tão tua, tu sempre tão teu, e eu

sei lá amor, se o mundo é pequeno como dizem ser, porque de

cada vez que te procuro, quem se encosta ao meu peito não és tu, mas

sim a imagem que guardo de ti

por todo o tempo em que o mundo se apequena, e

a distância aumenta,

e os sonhos escasseiam, e o vento nos sopra para longe um do outro, e o mar se agiganta,

numa mensagem de impossível.

 

O mundo é tão pequeno, amor, mas não para nós –

as nossas horas nunca se acertam, e as noites alongam-se no

chão de madeira deste quarto onde me sento

e me escondo da certeza que me vive cravada na

alma – a única coisa que me resta depois das promessas

que deixaste no meu corpo, e no meu olhar agora

pousado no espelho que reflete a vastidão

onde nos perdemos, como estilhaços de vidro, que

não se encontram mais.

 

O mundo é tão pequeno, amor, mas não para nós –

por isso as minhas palavras acabam-se

quando o dia nascer, e amanhã não vejo o por do sol, e

não vou esperar mais as flores que não colheste para mim, naquele

jardim onde ficaram os meus sonhos,

entregues às pedras e à terra, no mesmo

lugar onde eu vou estar um dia, mas então, já não esperarei por ti,

porque o mundo não se apequenou para nós, como disseste que aconteceria - amor que

me morreste algures num mundo que trilhei, apenas acompanhada

pela saudade de ti.

 

*

 

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