O mundo é tão pequeno, amor, mas não para nós -
Eu sempre tão perto, tu sempre tão longe;
eu sempre tão tua, tu sempre tão teu, e eu
sei lá amor, se o mundo é pequeno como dizem ser, porque de
cada vez que te procuro, quem se encosta ao meu peito não és tu, mas
sim a imagem que guardo de ti
por todo o tempo em que o mundo se apequena, e
a distância aumenta,
e os sonhos escasseiam, e o vento nos sopra para longe um do outro, e o mar se agiganta,
numa mensagem de impossível.
O mundo é tão pequeno, amor, mas não para nós –
as nossas horas nunca se acertam, e as noites alongam-se no
chão de madeira deste quarto onde me sento
e me escondo da certeza que me vive cravada na
alma – a única coisa que me resta depois das promessas
que deixaste no meu corpo, e no meu olhar agora
pousado no espelho que reflete a vastidão
onde nos perdemos, como estilhaços de vidro, que
não se encontram mais.
O mundo é tão pequeno, amor, mas não para nós –
por isso as minhas palavras acabam-se
quando o dia nascer, e amanhã não vejo o por do sol, e
não vou esperar mais as flores que não colheste para mim, naquele
jardim onde ficaram os meus sonhos,
entregues às pedras e à terra, no mesmo
lugar onde eu vou estar um dia, mas então, já não esperarei por ti,
porque o mundo não se apequenou para nós, como disseste que aconteceria - amor que
me morreste algures num mundo que trilhei, apenas acompanhada
pela saudade de ti.
*
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