Foi como um deslizar cansado em direção ao fundo de um poço.
Foi como um grito calado,
emudecido pela ausência não consentida no coração,
de quem tanta falta me faz.
Foi como uma ferida aberta, exposta ao mundo num gesto de desistência,
porque assim teve de ser; mas sei lá eu porque teve de ser.
Foi como sentir que não sinto nada desde que me perdi no mesmo lugar
onde mora a solidão e onde
por descuido ou desapego me vou deixando ficar,
até me encontrar, se algum dia
o puder fazer.
E é assim que me revejo depois das perdas que a vida me deu;
tão incapaz, como a
melancolia de mais um dia tão igual
a tantos dias em que a saudade
é a única companhia, e os poemas,
são as cartas que ainda escrevo a quem já mais as vai ler
Para além do que se vê em mim, é deserto,
e no lugar onde havia vida, só a lembranças,
e no sonho que eu vivi, só a ausência.
E no teu lugar, não há ninguém, porque
a saudade tem o teu nome gravado;
A última palavra com sabor a felicidade que eu senti.
*
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Ao meu lado existe o vosso lado, e aqui é o vosso espaço. Desejo imenso ler-vos !