- Miúda, dá-me cinco minutos… só preciso que me ouças por cinco minutos. Achas que pode ser?
- Mas espera lá, quem és tu? Ainda há pouco tinha os olhos abertos, e não estava aqui ninguém! Tenho a certeza! Eu não estou a ficar louca!… Quem és tu?
- Calma Miúda… É simples a resposta. Eu sou o teu coração… e quero… ou melhor… preciso de falar contigo.
- Comigo?
- Sim, contigo.
- Mas porquê?
- Se deixares as rebeldias e os teus medos de lado, vais entender porque preciso que me ouças.
- Oh, fala… cinco minutos… tudo bem. Queres que me levante?
- Não... Apenas preciso que fiques calma, assim, do jeito que estás.
- Está bem. Vou ouvir-te assim, tal qual estou… Deitada de olhos fechados nesta cama, perdida e só neste quarto.
- Então está bem. Diz-me lá, quem te roubou os sonhos?
- Não sei... Foi tudo há tanto tempo… por tantas vezes.
- Não sabes? E agora miúda? Que tencionas fazer? Ficar aí assim, deitada de olhos fechados… sem reagires?
- Hmmm… é o mais fácil… não dói tanto assim como já doeu um dia… há tempo a trás. Sabes que sentir as coisas nem sempre é bom… nem sempre é fácil.
- Ai não?
- Não.
- Mas miúda, tu não és assim... e eu sei do que falo, porque eu sou o teu coração. Ninguém te rouba a alma e ninguém tem o direito de te roubar a esperança. Por muito que pareça Miúda, tu não estás sozinha.
- Desculpa Coração… mas eu estou sozinha sim.
- Não, não estás, Miúda! Eu estou sempre contigo… até mesmo quando tu dormes, eu estou contigo… quando tu choras, eu estou contigo… quando tu achas que nada nem ninguém te ouve, eu estou contigo! E eu quero, para nosso bem… Sim, para nosso bem, que tu voltes a sonhar, a viver, a acreditar em ti, em nós dois, juntos!
Há um mundo inteiro lá fora… há uma vida inteira para além desta solidão em que nos estás a deixar. Volta a sonhar Miúda! Volta a viver! Se tu sonhares eu volto a palpitar, volto a bater feliz no teu peito!
- Mas como… Coração? A vida já me fez cair tantas vezes, já perdi o chão e o norte tantas e tantas vezes… E quando, por um acaso do destino, reencontro a minha paz, a minha vida, o meu caminho, tudo volta à estaca zero, e eu volto a sentir-me tal qual um livro sem história, uma música sem melodia, um poema sem palavras… e tudo isto, porque me volto a magoar com algo ou alguém… Porque me volto a desiludir, a ver todos os meus sonhos a caírem por terra, como um castelo de cartas, que se desfaz com a dor que entra, acomoda-se em mim, e parece ficar pra durar… É assim que queres que sonhe?
- Miúda, nada dura para sempre… Nem tu, nem eu, nada! Nem toda a dor vai ser para o resto da vida! Nem a felicidade te é destinada por todo o tempo que viveres! As coisas têm naturalmente começo, meio e fim, têm um ponto de viragem, têm picos e fundos, que após serem ultrapassados, nos mudam, nos transformam, nos ensinam.
Acredita que assim como ninguém tem o direito de te roubar a esperança, a alma, a alegria, a pessoa que és… ninguém merece que fiques assim sozinha, perdida, a espera de veres o mundo a mudar, a tornar-se melhor, menos perigoso para ti e para mim. Tu vais sempre sofrer pequena… mas mesmo assim precisas de ser feliz. E acredita em mim, que sou o teu melhor amigo… e muito embora eu seja um coração trapalhão, sei das coisas, porque do meu jeito trapalhão sorri contigo, chorei contigo, e estive sempre contigo como ninguém, vivendo cada coisa ao mesmo tempo que to. Por isso Miúda, não nos transformes na alegria de todos aqueles que nos fizeram chorar… e faz de nós dois a alegria de nós mesmos… a alegria daqueles que nos amam. É um desafio… eu sei… mas é o mais justo para nós. E o que é que importa mais… Miúda?
- Não sei, coração… Eu não sei. Parece fácil de dizer… mas não sei se sou capaz de fazer tudo isso que me pedes.
- Mas eu sei… porque eu vivo em ti… faço parte de ti, e conheço-te melhor que tu mesma.
- Impossível coração… Ninguém se conhece com tanta clareza assim, que saiba tanto de si próprio.
- Tu talvez não… mas eu… sim!
- Tu não és o dono da razão, coração!
- Não, miúda, não sou o dono da razão… mas sou eu que sinto as coisas que tu sentes. E vivo há tanto tempo quanto tu… e já te vi passares por tantas coisas.
Porque eu estive lá contigo quando estremeceste de felicidade pela primeira vez, quando amaste pela primeira vez, quando recebeste o primeiro abraço, quando sorriste pela primeira vez, quando sentiste a primeira paixão, quando ajudaste a primeira pessoa, quando fizeste em todas as ocasiões as tuas primeiras escolhas importantes, quando tomaste as tuas primeiras decisões definitivas ou temporárias. Eu estive sempre contigo, quando perdeste o primeiro amor, quando choraste de dor, quando te feriram, mentiram e magoaram, quando te deixaram para trás, quando te usaram e deitaram fora, quando te fizeram acreditar nas coisas mais incríveis que nada mais eram do que ilusões. Eu estive lá contigo, a todo o momento. Por tudo isto e muito mais Miúda, eu sei o quanto precisas de voltar a sonhar… Porque se tu não sonhares, e desistires, ninguém mais vai contar as mesmas histórias que só tu contas, ninguém vai amar da forma doce e pura que tu amas… ninguém vai cantar com alma as mesmas melodias que tu cantas, ninguém vai ser quem tu és, do jeito que és… e ninguém vai ficar no teu lugar, no nosso lugar. Porque, miúda, ninguém é como tu, com um coração igual a mim… ninguém pode ser como nós! Por mais doloridas e sofridas que sejam as tuas derrotas, não apagam ou sequer se igualam ao valor das tuas vitórias. Porque enquanto todos os que te ferem e destroem os teus sonhos, só o fazem por falta de caráter, tu lutas e vences sempre, com a certeza que eu estou contigo a todo o instante, e já mais deixas de ser genuína…
Entendes?
- Entendo, mas… Coração!
- Shhh, Não digas nada. Eu sou tu, Miúda… e tu és eu. E então para nosso bem, não deixes de sonhar, de sentir, de seres quem és. E eu prometo-te que se voltares a sentir alguma dor, se voltares a sofrer, eu vou ficar contigo e não te deixo só. Ah, e prometo também, que se voltares a desistir, eu vou não só pedir-te cinco minutos, mas sim, todo o tempo que for preciso para tu me ouvires, e voltares a acreditar que sonhar, amar, viver e lutar, é preciso sempre, e para sempre… até mesmo quando algo ou alguém gelar o teu fogo, e te fizer cair por terra todo o teu mundo.
- Coração?
- Sim… miúda…
- E agora… que vamos chegar ao fim desta conversa… tu vais-me deixar?
- Não… Eu nunca te vou deixar. Era preciso muito para eu te deixar. E muito embora eu seja um coração pequeno, trapalhão e distraído, eu vou estar sempre aqui a bater por ti, a bater por nós.
- E vais conversar todos os dias comigo? Vais-me fazer sorrir sempre que eu chorar?
- Sim, vou… mas para isso Miúda, tu tens de lutar por nós. Porque eu vou para onde tu fores… e se tu desistires de vez um dia, eu posso não conseguir ter cinco minutos para te fazer voltar a lutares por nós!
- Coração?
- Sim, miúda?
- Obrigada… Quem era eu sem ti?
- E que coração seria eu, sem ti e os teus sonhos?
Miúda… Podem-te roubar quase tudo… mas tudo aquilo que não te podem roubar, mesmo que tentem por mil vezes, será teu até ao fim da tua vida, assim como eu… que bato por nós dentro do teu peito.
- Até ao fim?
- Sim Miúda… até ao fim.
- Então está bem Coração.
- Agora dorme Miúda. Que a partir de amanhã eu quero bater feliz no teu peito e os teus sonhos esperam por nós dois!
- Sim! Até amanhã, Coração.
- Até amanhã, Miúda!
Fim.
Andas a ouvir vozes syster?
ResponderEliminarOh, só agora é que entendeste isso maninho? Sempre as ouvi... ou não fosse eu uma pessoa com amiguinhos imaginários... :d
EliminarRita tinha escrito sobre o que escreveu foi pena nunca se escreve sempre identico,sonhar o humano que deixe de sonhar perde as suas carateristicas a sua originalidade da sua sensebilidade, perfurar o tempo da epotese do sentido da sua lirica de escrita foi lindo adorei é sensual é verdade sentimento carinho determinação,sofrimento suor lagrimas sentido, nunca por nunca nunca deixe de sonhar na estrada da escrita,são palavras são momentos, são sentimentos descritos na alma ao coração, 5 minutos é tempo,o bater o coração sentir o perfume da força da verdade, bate bate bate bate coração antes que o tempo nos domine, esta força estranha que as lagrimas lavem as lagrimas da vida, sonhar a força do sentido do destino sem futuro força coração Carlos rita sabado proximo biblioteca ALBUFEIRA 15 horas sai livro poemas doutor serra provavel estarei fique bem amiga adorei seu testo
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